05 a 09 de outubro de 2020
proposta do evento
Há 20 anos o Congresso Internacional de Filosofia e Educação vem estabelecendo resistência, tanto através dos autores e autoras estudados, das temáticas escolhidas, quanto dos enfrentamentos políticos que representa um evento aberto e gratuito em uma universidade pública num contexto político como o nosso.
Nesta edição, a partir da crise da legitimidade da academia – e a partir de uma autocrítica gerada por esta crise – compreendemos que não só nos autores e debates deve habitar a resistência, a liberdade, a igualdade, mas também na própria prática do estudo, do saber e do pensar. Assim, decidimos experimentar um outro formato de evento nesta edição do CIFE.
Não haverá momentos de explicação, palestra, apresentação ou defesa. Não somos contra nenhuma destas formas de estudo, porém decidimos experimentar um evento onde o pensar seja mais importante que o informar, onde a escuta seja mais importante que a performance.
Assim, o X CIFE não contará com as famosas sessões de comunicações, onde cada participante, em sua vez, apresenta seu texto e depois se troca uma ou outra pergunta em busca de algum esclarecimento (mas em que muitas vezes ocupa-se todo o tempo disponível com as explanações). Também não teremos longas falas em auditórios lotados. Adoramos escutar os autores e autoras que nos interessam, mas desta vez os/as convidamos para outra experiência de pensamento.
Haverá, entretanto, certificados de apresentação de trabalho, mesmo que eles não sejam apresentados da forma tradicional.
Todos os/as participantes se inscreverão igualmente, sejam doutores/as ou crianças em alfabetização. A formação acadêmica é irrelevante para a inscrição. Enfatizamos o fato de que o X CIFE é gratuito e aberto a todas as pessoas que desejem participar, sem exceções. Sem escolha de interlocutores. Desejamos, como instituição pública que somos, pertencer e ser pertencidos pela comunidade interna e externa aos muros da universidade.
A única condição para inscrever-se é que todos/as elaborem um texto curto (que tenha entre 500 e 1000 palavras) e livre, em qualquer lingua, que levante questões, hipóteses, perguntas, sugestões, exemplos e/ou teorias que permitam pensar o tema principal do evento. E que estes textos comecem com uma pergunta e terminem com outra pergunta. Também pedimos que o texto dialogue com uma única referência bibliográfica principal, que seja a mais importante para ancorar conceitualmente o texto. Não será possível inscrever textos em co-autoria.
Isto é o suficiente para participar do evento. Os e as participantes inscritos podem alterar seus textos e informações até o dia 5 de julho, quando as inscrições serão encerradas. O prazo foi prorrogado excepcionalmente por causa da pandemia e da nossa decisão por desdobrar o colóquio em uma prófase virtual e uma segunda fase presencial. CLIQUE AQUI PARA COMPREENDER MELHOR ESSA NOVA PROPOSTA.
Não é possível se inscrever como ouvinte: todos/as serão autores/as; também não é possível se inscrever como palestrante: nenhum/a participante apresentará seu texto para uma plateia.
Mas tenha em mente que a inscrição é um comprometimento; nossa proposta é que o evento possa ser de fato um espaço e um tempo de estudo e produção coletiva de saber. Assim, o convite a participar é uma chamada para uma imersão: durante uma semana os participantes lerão, discutirão e passarão por experiências de pensamento que só podem ser atravessadas intensamente. Se você só está interessado em adicionar uma linha ao seu currículo, não se inscreva.
Chegando ao evento, todos os e as participantes serão divididos/as em grupos de estudo. A atividade nos grupos não será apresentar o trabalho de cada um para os outros, mas antes, a partir do material de estudo, ler e pensar coletivamente. Abrir-se à escuta de diferentes vozes. Todos os grupos terão um coordenador ou uma coordenadora, que será também autor/a, mas que será responsável pela igualdade de participação nas discussões e do espírito da proposta. Assim, cada um desses grupos funcionará como uma comunidade de investigação filosófica. Nós trabalharemos para que os grupos sejam heterogêneos e plurais, não se preocupe.
Num segundo momento, estes grupos dividirão com os demais suas descobertas e propostas, e a partir desse compartilhamento, levaremos as questões para uma plenária maior, onde cada participante estará ao mesmo tempo imerso/a na coletividade quanto sozinho/a em sua individualidade. Das forças resultantes deste momento mais rizomático, novas linhas e novas brechas se abrirão, e os grupos se reunirão novamente com outra demanda, para pensar em outras direções. Este ciclo se repetirá uma ou duas vezes antes da plenária final.
O objetivo final não é ensinar nada nem chegar a um consenso geral e muito menos responder às perguntas propostas ou à pergunta-tema do Colóquio, mas gerar movimento. Poder observar que, depois de toda esta experiência de estudo, será possível pensar coisas que não eram possíveis antes. E, mais além, demonstrar que todos e todas são igualmente capazes de pensar.
Durante o tempo em que os grupos ou as plenárias não estiverem reunidos, o Colóquio proporá, dentro e fora da UERJ, atividades e experiências complementares, como ateliês, exposições de manifestações filosóficas em diversos países de América Latina, caminhadas filosóficas, atividades artísticas, visitas a escolas, lançamento de livros e até algum descanso. Em breve toda a programação será divulgada aqui na página e no aplicativo do Colóquio.
E agora que você já leu nossa proposta, tome algum tempo para pensar no seu texto. Ele deve ser simples, mas mergulhar em alguma questão relevante para pensar uma educação filosófica afirmativa, inventiva, re-existente. Escreva com cuidado e atenção, pois ele será muito importante! Nos vemos em outubro, online, e em 2021 pessoalmente, no Rio de Janeiro. Até lá!